Nesta semana, um aluno, após realizar sua avaliação da disciplina de História da Farmácia, me abordou dizendo que tinha ficado indignado após ler as opiniões em uma reportagem que falava sobre a prescrição farmacêutica (sugerida pelo Conselho Federal de Farmácia).
Muitas vezes, sentimentos tomam conta de nós quando acreditamos que o que pensamos e acreditamos seja verdade única!
Esta é a magia da democracia! Podemos expor e defender nossos pontos de vista, nossas opiniões, por mais divergentes que sejam e quem sabe até, mudarmos de idéia a respeito de um tema (pois afinal de contas, só não muda de idéias quem não as tem!)
Mas em fim, voltando ao tema....
Também li, nesta semana, acredito ser em outra reportagem, opiniões favoráveis e desfavoráveis!
Minha opinião? São vários pontos que devem ser discutidos!
Primeiramente, o que é prescrição? Segundo o Dicionário Didático (3° ed 2009):
precrição: 1. Ato ou efeito de pescrever. 2. Em relação a um medicamento ou a um tratamento terapêutico, receita ou recomendação de uso. 3. Perda da validade, especialmente se for devido a passagem do tempo.
Sendo assim, receita e recomendação de uso de medicamentos e/ou tratamento terapêutico desculpe-me os prescritores, mas este ato deixou de ser exclusivo a muito tempo.... Hoje quem mais prescreve ( lamentavelmente) é o vizinho, o amigo, o balconista, o fabricante, através das propagandas, o próprio usuário... Enquanto farmacêuticos são penalizados dentro dos estabelecimentos no qual detêm a responsabilidade técnica, ao indicar um medicamento isento de prescrição.
Quem tem a competência para tal ato? Os medicamentos isentos de prescrição não são isentos de orientação!
A prescrição farmacêutica é um ato já realizado em vários países, pois faz parte da Atenção Farmacêutica, que vem sendo incentivada e regulamentada pela resolução da ANVISA sobre Boas Práticas Farmacêuticas.
Outro ponto importante é em relação ao direito do usuário em ser orientado pelo profissional farmacêutico. Segundo Lynn Silver, Coordenadora do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), "a realidade das farmácias brasileiras é bastante lamentável, tanto das públicas como das privadas". Num debate no Rio de Janeiro (fonte revista Riopharma), ela coloca como os seis "direitos ou desejos" gostariam que fossem efetivados: o acesso a medicamentos essenciais pelo SUS; a garantia de preços justos para os medicamentos; o de estar protegido dos medicamentos que não deveriam sequer estar expostos na farmácia, pois se trata de produtos inseguros ou ineficazes; o de receber uma prescrição médica ou farmacêutica assinada; o de receber orientação adequada sobre a utilização dos medicamentos e poder tomar decisões devidamente informados e finalmente o de se proteger de erros de prescrição e do risco do uso inadequado de medicamentos.
O que precisamos avaliar é que esta medida não só valorizará o profissional e exigirá dele a competência e habilidade que foram desenvolvidas durante sua graduação, quanto favorecerá a população por oferecer segurança e proteção contra possíveis interações medicamentosas, reações adversas etc.
Por hoje, paro por aqui! Mas com certeza voltaremos a falar sobre este assunto!